ULTIMO GRÃO DA AMPULHETA 31-12

ULTIMO GRÃO DA AMPULHETA 31-12

Sobrevive como a judia feia que sobreviveu,

O holocausto nem sempre esta atrás dos muros...

Cantei com anjos dourados e até quis lançar voo,

Mas o ano passou. Eu sobrevivi ao desejo forte,

Cantei uma canção gritada ao vento e a mim...

Na taça de vinho às vezes chorei por ser eu,

Apenas ser um eu perdido num jardim de belezas,

De ser considerado o troféu nesse jardim imundo.

Olho para o espelho encantado e vejo o ogro feio,

Avalio o profissional e vejo apenas o amor incondicional,

Ser o melhor ou pior que alguém não vem ao caso,

Faço a minha parte com o coração aberto e basta.

Vejo o administrador que não sabe administrar nada,

Nem a canção cantada dentro do carro a cem por hora.

Não me vejo como o tal, talvez seja apenas o Quasímodo,

Amo a beleza dos sinos e das belas ciganas Esmeraldas,

Mas nasci deformado pelo tal do destino torto sombrio,

Então Quasímodo é muito mais feliz do que eu agora.

A amiga apaixonada me deixa triste por ela sofrer,

Quis apenas ser o braço amigo a tira-la do casulo podre,

Mostrar que a vida vai além de sofrer por amor perdido,

Que podemos viver sem amor e sem finais felizes,

Mas amiga querida confundiu tudo e me culpo por isso.

O amigo que abandona, pois saio com outra pessoa,

Sentimento de posse seria eu um sedutor irracional?

Ou seria apenas um ingênuo que crê que todos são bons?

O distanciamento das pessoas que eu gosto tanto,

A maioria eu as afastei, pois no espelho vejo o monstro,

Não aceito minhas cicatrizes internas que sangram tanto,

Como odeio os meus genes ou seria o meu inconsciente?

Nasci assim! Eu luto para ser feliz assim, mas como lutar,

Quando os amigos me veem diferente e as amigas, essas...

Bem essas caem no mito da carência eterna do ser.

A borboleta que se lançou em seu ultimo voo,

Apenas sofreu metamorfose e sem asas voou...

Não chorei por ela, mas os amores reais não morrem,

Podemos ser sombras do destino torto, mas amor...

Bem o amor é eterno seja eu o que for e ela o que for,

O amor vai além da carne e do desejo carne a carne,

O amor é algo que vem da convivência de vidas,

De achar normal o enrolar do cabelo na frente da teve,

De ver além dos olhos verdes e aceitar todos os erros,

Alias quando se ama os erros é apenas um charme,

Charme que dá característica a alma de tal beleza...

Nunca falei adeus, não chorei, apenas aceitei o voo.

O vermelho presente na roupa de cama na noite,

A cara suja de vermelho e todo o banheiro,

Levar na esportiva e desenhar no piso com ele,

Imaginar cena de filme trash de terror ou Iluminado,

O corredor branco manchado de vermelho intenso,

O que me perturba não é o rubro belo que gosto,

Mas o trabalho de limpar a sujeira no piso tão branco

No último grão de areia vejo o rubro e a dor também,

Chorar baixinho, pois tenho que sobreviver e viver,

No desmaio sentir o chão abrir sob os pés e deixar a queda,

Um balde de gelo que caiu no meu corpo e me entregar,

Acordar sendo beijado pelo dragão e pela pantera,

Ambos desesperados dentro de seu mundo de amor.

Sem perceber vivo e sobrevivo por eles que me amam.

Também nos grãos de areia achei a paz no coração,

Veio de onde achava que não viria, é o destino torto,

Que é eclipse de dia e de noite e numa brincadeira e ri,

Mas traz a calmaria de dia de preguiça a dois no sofá,

Que sem saber-me completa pelo intelecto ativo,

Que sem dançar, dança a dança dos anjos na noite,

E a noite pode estar no eclipse solar em dia de verão;

Mas mesmo na calmaria do coração há demônios.

Há gata preta que amei que cutuca o instinto masculino,

Há coruja de Atenas que tenta me seduzir sempre,

Há tanto passado no meu presente que prefiro esquecer,

Aceitar as idas e vindas e viver o presente,

Afirmar a todo o momento a experiência que passou,

Ser casulo que rompe e aprende a novidade,

Ousar como a rosa dos ventos ousa no vento leste.

Hoje no ultimo grão de areia da ampulheta estou aqui,

Penso que queria cumprir minha meta programada,

Desligar o meu projetor neste campo tão carnal,

Largar tudo e partir como partiu a borboleta bela,

Na minha realidade seria cavalo selvagem na planície,

Correndo sem olhar para trás e só ver o horizonte.

No ultimo grão da ampulheta do ano estou triste,

Vestirei a minha mais bela mascara azul e dourada,

Serei o típico moleque que dá cambalhotas no jardim,

Mas não mostrarei a ninguém meu coração sangrando,

Pelo menos este ano não pretendi voar por mim,

Acho que cativei alguém então sou responsável por outro ser.

Espero não me decepcionar novamente...

André Zanarella 31-12-2015 – sem correção

André Zanarella
Enviado por André Zanarella em 31/12/2015
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