AO QUE PASSA


Ébrio profeta atrasado,
Silêncio – escuta apenas
o vento pelo vale de ossos secos.
 
Nascidos da pobreza
Dessa mesma mensagem
Passaram – messias sem cruz
 
Mas com público.
 
À lâmina do tempo faltará candura
Diante do espólio de restos
De seus manifestos,
 
Compartilhados e curtidos.

Não cabe a palavra meretriz,
 
Ó salta-pocinhas internacional,
Viadim viajadim,
Bambi com passaporte,
 
Dirigida aos moinhos do labor
Que gente de seu naipe ignora.
 
Por aqui os impérios sem sentido
Das dialéticas tardias vão durando –
sempre haverá pobres,
sempre haverá ressentidos à esquerda.
 
Sempre haverá quem creia em ‘luta de classes’.
Sempre haverá quem creia em ‘vanguarda,’
sempre haverá quem creia em ‘revolução’.
 
Então silêncio, ébrio pateta barbado,
Cassandra de cueca após um Rivotril,
Heróstrato de bolso,
 
A realidade que o discurso não comporta
Desfaz em breve seu bezerro de desdouro
Em cinzas aspergidas sobre os frívolos.





 
Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 30/12/2015
Reeditado em 06/01/2016
Código do texto: T5495749
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