ALAMANDA
Plantei uma muda no quintal
satisfazendo o desejo dela,
tratada com cuidado paternal,
esticou-se e floresceu bela.
Vieram depressa as flores roxas,
ligeiras como estrelas cadentes,
formando as curvas das suas coxas
em formato de cálices ardentes.
Ramos longos por mim guiados
distanciaram-se do terreno alheio,
esparramados ao longo do telhado,
copiaram o formato do teu seio.
Juro pelo gosto dos teus beijos,
que cultivarei frondosa a planta
ainda que me sacudam dos eixos,
do centro da vida e da esperança.
Meu juramento ouve como mantra,
na reverência do cântico de um hino.
Pacto meu, seu e da dona da planta,
nos mistérios de um convívio trino.