URUBU
URUBU
Sou urubu que agoniza na carniça,
Daqui a pouco virarei também pó,
Pesadelo dantesco de um idoso...
Sinto os vermes subirem em mim,
Penetrarem em minha pele velha
E derrubam as minhas penas...
O cheiro impregna o ambiente todo,
O ar do sertão já não é mais igual
E nos galhos mais urubus estão...
Alimento-me dessa maldita carniça,
De corpos contaminados sem razão
E também assim quero daqui partir.
Perdi minha aureola e a cor azul,
A esperança virou fumaça e espalhou
Minha voz sumiu e virou um piar...
Não sei o que destino reserva a mim
Virar carniça nesse árido sertão
Ou ao chegar ao pó virar fênix e voar...
André Zanarella 29-01-2014