CIRCUNSTANCIAL
Um dia meus ossos deixarão esta carne,
O vício da pele deixará de existir.
Não terei mais contato com o mundo,
Nem com ninguém.
Meus pecados, pagarei aos poucos,
Deixarei alguns em terra.
Meu semblante
Não será como antes.
Estarei abatido
Como o amor sofrido...
Não terei flores me cobrindo,
Apenas o tule puído
Deixando à mostra
Os pés descalços.
Alguém contará minha história
Para aqueles que nenhuma memória
Guardam de mim.
Outros irão chorar
Jurando me amar
Sem nunca terem me amado.
Do outro lado, eu creio,
Estarei deitado sobre os seios
De uma mulher circunstancial
E de vida fácil.