BR
pelo e apesar do asfalto
dos guard rails
e da passarelas de peças
pré-fabricadas
em concreto árido e nu.
sob o sol ardendo régio
o emaranhado preto dos fios
cabelos elétricos sujos de linha
e de talisca e de papel
e de pedrinhas.
sombras escassas, rarefeitas...
enbaixo desse dito abrigo
me fode, devagar,
uma sombra falsa
de policarbonato.
ela me queima enquanto
não sinto tanto como tal.
[logo me vejo fodido,
insuportavelmente atingido.]
esperança eterna
de esconde em esconde
desaparecer
entre suas pernas.
dando voltas
sob a sombra verdadeira
debaixo dos densos e pesados
galhos da mangueira
sonho desaparece por ora.
o chão de areia
que movediça minha mão molda
é cama.
o emaranhado preto dos fios
cabelos elétricos sujos de linha
e de talisca e de papel
e de pedrinhas.
balaio de gato, novelo de lã
boneca de linha,
é a forma linda desse embolo
delineada - seu corpo de traços
e contornos -
puxo um fio da meada
e você vai desaparecendo
como se um dia
realmente tivesse sido nada.