Canção do mar…
“Só quem está em estado de palavra pode
enxergar as coisas sem feitio”. Manoel de Barros
Naquela noite eu estava afeito
um mar morno e arrojado.
Se buscasse com cautela
encontraria em mim
restos de amor
dos peixes!
Se eu me educasse bem
tornaria um cais de
areias brancas
com gaivotas
em revoadas.
E gente descalça
e meio desnuda!
Nas minhas areias quentes
pessoas desfadigariam.
E a brisa matutina
acariciaria a face
meiga de quem
se dispusesse
a trocar
passos
à margem de mim!
E a canção dos mares me gorjearia!