FÚNEBRE

Meu amor, não morra no corredor,

O tapete é novo, pouco foi pisado.

Tente morrer do outro lado,

No quarto das crianças,

Ou na sala de jantar.

As mobílias observam seus atos,

Quantos, de fato, os espelhos revelaram?

O que diz do seu passado

A cristaleira do seu avô?

Deixe os pés descalços,

Feche bem os seus olhos e

Sorria com fartura,

Morto sério é muito chato.

Apague a luz e acenda o abajur,

Sua silhueta imóvel

Será sombra na parede.

Meu amor, use o vestido encarnado

E o broche de escaravelho.

Quanto mais velho o vestido,

Melhor para ser morrido...

MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE
Enviado por MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE em 27/12/2015
Código do texto: T5492518
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.