FACA CEGA.
FACA CEGA.
Meu poema
é faca cega,
minha rima
é forte ácido,
risca este Brasil
de encanto,
sem conter
um embaraço,
do sertão os
rios finos,
das nascentes
as enseadas,
das estações
de beleza,
meus olhos,
estas finas presas,
olhando o vergel
ornado,
repleto de finas cores
chovendo na primavera,
são poemas
que desfolham
vertendo lagrimas
de rimas,
as pétalas despedaçadas
cobrindo vidas
rasteiras,
num encanto sem igual,
Ah, meu Deus,
aqui esta vida louca,
as cidade agonizando,
na ponta da fria faca,
do consumo
desregrado,
Deus do céu
como me dói,vendo
este escarcéu,
tudo numa embolada,
buscando a felicidade
para noite de natal,
o menino foi trocado,
para uma noite libada,
em prol do papai Noel,
a manjedoura esquecida,
o ato de refletir,
caiu em tal desuso,
nesta cidade confusa
que vim meter meus pés,
me resta a triste
amargura, a saudade
do sertão, das minhas
noites natalinas,
sem esta faca cortante
da matéria alucinante
que dominam nossas
vidas,
as novenas me faltam,
nas casas de pau-a-pique,
a fé que nos olhos
brilhavam,tal qual
a lua no céu,
só me restam os meus
versos,e o consolo de minhas
rimas,
o remédio salutar,
pra me livrar deste mal
que me estrangula,
um poema tal igual,
o padecimento deste
mal,
que me faz delir em
versos, por meu Deus
eu confesso parar
a lamentação,
depois do poema pronto,
a carne aliviada,
assino aqui o ponto,
dando fim este meu
choro,
me livrado deste agouro,
que neste natal eu vi...