Grão d'paz

Sei que me queres, mas não posso mais vê-la sofrer...

E torço o nariz...

Torço pra que tenhas o amor...

Aquela eterna plenitude etérea...

A estrela maior d'seu mundo...

Tal imensidão em singela perfeição!

Como o douro vigoroso a irradiar no mais profundo anil

Não o inebriado amor que nos possuía...

Como um peito que necessita d'um coração, mas que a sua fronte vê seu sonho se definhar...

Diante d'tal incompatibilidade espiritual

Mas como todo embriagado a vagar nas noturnas...

E que sempre encontra seu norte em busca d'refúgio...

Ele faz dos nossos peitos o teu lar...

Teu furto...

Teu abrigo momentâneo!

Mas decidi sofrer à distância...

Reter-me em meu sofrer escafandrista...

Permanecerei assistindo...

Ouvindo...

Lendo...

Sorrindo do leviano dia em que nos sequestrou a paixão!

Hoje a consciência desvirtuada pela razão humanística, me cobra um sofrer inacompanhável da solidão...

Pois antes estar na amiúde do sofrer sozinho...

Que sofrer dobrado!

Em concordância entrego-me a tal crucificação...

Sendo eu, bandido ou não!

Que essa paixão em incursão ao meu interior...

Causando balbúrdias me faça sofrer...

Mas que jamais me promova a dor de vê-la em tal compadecer...

Fique aí!

Junto ao mais varonil filho da Grécia!

Entrelaçada a estes fortes braços...

Que te prendem feito tarrafa...

Com aquele mesmo medo d'que tive um dia...

Tal inevitável perda!

E que hoje, só tenho o cuidado da rompedura distancial d'teu cheiro...

Teus lábios...

Teus objetos inanimados...

Tuas músicas...

Sempre tão ricos d'tua presença...

D'tua essência!