DESDE BETHLEHEM


Em derradeiro engano necessário
Sobre quem mais seríamos,
Sem pompa ou circunstância, sem coroa
 
E entremeados à terra revolvida –
 
Artesãos do desastre generoso,
Anões do pensamento,
Abortos do caráter
 
– o mal também germina e busca a luz.
 
E o dia dura a angústia de esquecê-lo
Sem fogos de artifício, sem promessa
 
Exceto a que se quis distante
Norteando rumos e destinos
Desde Bethlehem, desde a eternidade.
 
O derradeiro dano do ano até aqui –
O preço desse fiat lux é a cinza,
É a língua ardendo a brasa dos brasis
Ao rubro, em corriqueira nódoa o museu deles
Perdendo as tintas da estação que não se atrasa.
 
Melhor perder o trem da escória oficial
Ancorado no mesmo noticiário
Em nota breve, o horário nobre serve
A fatos e versões do que se cobre,
Do que se encobre em truque fácil
Ao respeitável público.
 
Desde Bethlehem, com ouro, incenso e mirra
Em busca do sagrado,
Movido pelo Eterno em busca do sagrado
 
Distante sempre, entanto, a presepada
Dessas vacas sagradas mais loquazes, nesses dias
Alheias a João e Maria, afeitas
À natureza do que vai passar.
 





 
Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 24/12/2015
Código do texto: T5489947
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