O Assassinato
Quando vi/
O horizonte nu/
Fiquei desnorteado/
O sol era inconteste/
A falta doida vagava sozinha/
No anonimato dos anônimos/
Na percepção dos tolos/
Aquela casa/
Aquele mundo/
O ecossistema/
Jazia sem importância no chão/
Sangue e lágrimas/
Misturavam-se as várias razões/
Pássaros e a chuva enlutavam/
Enfim derrubaram a última voz da floresta/
Natureza cancelava a festa/
Por ainda assimilar aquele crime vulgar/
Entre as muitas folhas/
Entre os galhos, entre os muitos galhos/
O corpo corroído de dor/
Ainda pulsava/
Nas mãos do inquisitor/
Na alma do lugar/
Na consciência dos insanos/
Pecado não identificado/
Ali estava apenas um ser vivo/
Que os olhos veem/
Mas o coração não alcança/
Quanta ignorância/
É a indiferença da desigualdade/
A falta de humanidade/
Que na cidade/
É essencial para o anormal/
Embora haja muitos nativistas/
São comprados com revistas/
E ensinados a concordar com sins e nãos/
Até porque o que voga/
Mesmo que se tenha certa idade/
Não vai além de vaidade/
Por isso, morrer a vida tem um preço irrelevante/
E a sorte do amanhã só se tem a temer/