A Madrugada - para G.M.
Olhou pro lado, a cama vazia
Será que no escuro, o amor se escondia?
Encontrou-o sentado, concentrado, distante
Parou um segundo
Decidindo se aproximar-se era uma ideia plausível
Parecia-lhe tão perfeito envolto pela névoa de luz do luar
E se sua voz quebrasse o encanto?
Seria justo tirá-lo daquele mundo que estava inserido?
O coração batia acelerado contra as paredes do peito
O desejo de aproximar-se era um desalento
A visão era bela demais
Um paraíso intocável
Não seria justo bater a porta daquela sala secreta
Entrar sem pedir licença
Como se fosse a dona
Como se a visão fosse sua
Ele pertencia à ele, sabia disso
Decidira voltar pra cama em silêncio
Mesmo com seu espírito gritando por aproximação
Olhou-o mais uma vez
Havia um cigarro aceso
Café à um canto
A lua continuava a pratear sua pele
Dedilhava algumas notas
Desejou ser aquele violão
Desejou seu toque doce e suave
Mas tornou à atravessar a porta sem dizer nada
Adentrou a penumbra do quarto
Sentiu falta do prateado do luar
Sentiu falta da visão que tivera
Mas seu cheiro fazia da cama morada
Adormeceu...
Quem sabe ele voltaria com a luz do amanhecer
E seu peito tornaria a aquecer mais uma vez...