PONTOS CARDEAIS
Não me importa juntar as minhas coisas
E seguir por continentes desconhecidos,
Fui suposto a mim mesmo
Escolher o errado destino.
Deixei de lado as esperanças
E os olhos mirando o azul,
Ser eu mesmo apenas, me basta,
Sendo pequeno eu entro em qualquer mundo.
Não existem tantas portas a serem abertas,
Basta escolher a porta certa e bater,
Pedir licença para sentar
E contar histórias a quem queira ouvir.
Já festejei muitos anos em minha vida,
Tantos braços estiveram em meus ombros,
Bocas balbuciaram algumas besteiras.
Algo que eu já havia feito
E não queria me lembrar.
Foi-se o tempo da incerteza,
A inconstância do medo,
Medo de sentir-se sozinho
Em ruas mal iluminadas.
Ruas desenhadas por seres da noite,
Habitadas por fêmeas no cio,
Que se davam para seus homens
E por fim, o vazio...
Vesti minha casa de tristeza
Quando deixei aquela mesa vazia,
Eu sabia, a certeza um dia chegaria.
Não fui homem com muita coragem,
Não quis enfrentar inimigos,
(*sequer os tive)
Os amigos que tive,
Dentro de mim,
Ainda vivem.
Eu me esquivo dos obstáculos,
Retiro todos os espinhos,
Minhas unhas quebram,
Sozinhas.
Quando procuro sentidos,
Percebo que a bússola está quebrada
E a estrada que eu seguia
Não vai dar em absolutamente nada.