CÉU DE ESCARRO

Aquém deste céu infeccioso

De nuvens cheias de pústulas

Purulentas e mal-cheirosas

Chove denso escarro e enxofre.

O céu vermelho-sangue, coagulado

Envenena o domo antes límpido com êmese.

Drenando sua força celeste feito parasita intestinal,

Maligno, viral, anticoncepcional de beleza e forma.

O céu se fechou em necrose

Acumulando chorume acre

Seiva estéril da morte lacrimosa.

Caem do alto firmamento doente

Os pedaços mortos e fétidos

Cheios de gusanos e loucura.

Na Terra os homens ajoelham-se em asco

Banhados em escarro repugnante. E pedem

Vestidos de mecânica prece e dolência:

“Céus, voltai, voltai à glória sã de antes.”