VERNISSAGE
Quando abres teu corpo
De todas as formas
Emolduradas
Nas noites da minha memória
Embalsamada
Pelo verniz cuidadoso
Do teu gozo
Capturado e livre,
Entorno a tinta
Do meu desejo
Na superfície geodésica
Do teu contorno
E viajo nos lampejos
Da tua galeria implacável
De sons que, ao sussurro breve,
Provocam o prazer descontrolado,
E o coração apressa-se entre as paredes
Daquilo que já nem sei se é tua, ou minha imagem,
De tantos traços entrelaçados
No nu da tela.