[Des]com(pondo) - Novo livro
Apresentação
[Des]com(pondo) é um livro de poesia que busca incorporar a ideia de multiplicidade, de materialidade e de fragmentação tão comuns na nossa sociedade pós-moderna. O poeta valoriza a experimentação com a forma e a concretude da palavra, em seu aspecto verbi-voco-visual (semântico-sonoro-visual), sem perder o lirismo. Percebe-se, com a leitura, a criação imagética das partes constitutivas das palavras multissêmicas, sem se falar dos constantes trocadilhos, fazendo a poesia assumir seu papel lúdico.
Com a chamada do primeiro poema [Des] o poeta já aponta o caminho a ser percorrido, pois o prefixo des- advoga a ideia de oposição, negação, ausência e separação, mas também reforça o sentido de intensidade, lembrando-nos que tudo nessa vida passa por constante processo de separações e perdas. Vale salientar que o signo linguístico, por ser decomponível, traz em seus elementos constitutivos valores semânticos que muitas vezes passam sem que percebamos sua essência. A escolha do verbo descompor, para dar existência à série de poemas que nos foi presentificado, foi muito bem pensada por esse vate que assume a poesia como mergulho na profundeza das águas. A poesia que encontraremos neste livro é um convite para que contemplemos o que está encoberto, nas profundezas, pois, segundo Rubem Alves, os poetas são seres submarinos e os poemas são a fala das águas, que os reflexos da superfície não deixam ver.
Pondo a palavra poética no seu verdadeiro lugar – a plurissignificação – Nijair brinca com os semas, estabelecendo ordem; outras vezes desordem, a fim de que o leitor compreenda que é preciso tirar os adornos das palavras para que se possa modificá-la – transformá-la para a ordem se (r)estabelecer.
Compondo versos lavrados como artífice em seu mister, dialoga com a poética pós-moderna de um Arnaldo Antunes, Augusto de Campos, Décio Pignatari, Haroldo de Campos e tantos outros que apresentam uma poesia de vanguarda no sentido de arte que busca a “ruptura” com os versos tradicionais. Nijair é um lídimo poeta da hodiernidade e nos faz refletir sobre os tempos atuais mediante poesia singular, em sua forma visual, caracterizada por ricas paronomásias e singular disposição espacial dos vocábulos.
Fica o convite para que vivamos o tempus fugit ao lado de um bom livro de poesia. Aproveitemos a vida e o tempo que nos é concedido com esta ótima leitura!
Prof. Francisco Sérgio Bertoldo do Nascimento
Mestrando em Letras
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