CABOCLINHO

Um homem apareceu de repente,

numa noite qualquer, por acidente.

De tez morena, voz triste e serena,

pressenti sua presença amena.

Se fosse apenas acaso,

um encontro raso,

não haveria um começo

nem o fim que reconheço...

Pois este bom-moço

pôs minha’alma em alvoroço;

mostrou-me, este belo rapaz,

um esboço do que é capaz...

Garoto travesso, ex professo,

virou-me do avesso e eu agradeço.

Menino sem destino, clandestino,

fez-me perder o tino...divino desatino!

Este homem sozinho

me põe em desalinho,

me deseja sem que me veja,

me abraça e enlaça e beija...

Este homem tão sério e sincero

é tudo o que eu quero.

É minha bem-aventurança.

Homem-criança, dá-me a esperança.

Vamos fazer nosso caminho,

meu querido Caboclinho!