ROTA DE FUGA

Releitura agita

Numa alma aflita.

O medo invade,

Todo o corpo arde.

Então a pele sua

A voz já tremula,

A razão atordoa

A emoção já voa.

A inquietude plana

A rima declama.

Há uma luta interna

À luz da janela.

O vento entorta

Pela rota torta.

Plenitude soa

E a licitude ecoa.

O lábio se morde

A paixão explode!

Hora de ir embora

No andar das horas...

Linha do horizonte...

Sem saber pra aonde!

A vela levanta

Na frágil roldana.

A vontade enguiça,

A razão a iça!

Todo verso singra

Na areia tinta

De sangue jorrado

Do mar agitado.

Um sonho revela

Flor de primavera!

E o tempo acelera

Num mar de quimeras...

Vento o degenera.

Há uma saciedade

Na onda da saudade:

Do que não se teve

Mas não se conteve.

Só poesia muda

Da vida absurda.

Em rota obtusa,

Coração em fuga...