Natal Café
Chegou a hora/
Mas com certeza não passamos em brancas nuvens/
A construção sempre será permanente/
A música transcendente/
Identifica não só a harmonia/
Como a sedimentação de um trabalho/
Cujo prêmio não é entrar pra história/
Não é ver o seu nome nomeclaturando placas de homenagens ou escolas/
É ver na essência pessoas sorrindo/
Por carregar na alma, não só as mazelas, que muitas das vezes, por nossa ignorância/
São as quais identificamos de imediato com as dores/
Mas sim a esperança/
Por sentir que há possibilidade de mudança/
Por compreender que a nossa responsabilidade não é só Feliz Natal/
Ou desejar um ano melhor/
Mas é participar/
Porque eu participo de ti/
Como tu participas de mim/
Senão não, o que chamamos de vida, não haveria de ter sentido/
Se refletirmos/
Somos um pouquinho de cada um/
Somo o rio/
Somos a floresta/
Os pássaros em festa/
O negro, o índio, o feio ou o bonito/
Somos a chuva que cai/
A terra em que se planta/
A noite em lua e estrelas/
O amigo, o amor que está sempre do lado/
Então na razão de procurar importância/
De praticar indiferenças/
De nos desigualar/
É bom começar a ver/
Que somos partes de um todo/
Porque juntos e misturados, somos só um/
Assim se faz a vida/
Porque eu só, rio pras paredes/
Mas eu e você somos o mundo/
É por falar em viver/
Embora não tenha propriedade para dizer/
Reservo-me ao fato de pelo menos tentar compreender/
Que morrer é continuar a fazer nascer/
E entender o recado, de que o que nos serve/
Não vai além da subserviência/
Porque nós também devemos aprender a ser servos/
Não podemos querer ser donos ou reis/
Se quando partimos nem o corpo levamos/
Aproveitemos bem o dia/
Como a flor em seu jardim/
Sei que muitos antes de mim dizem ou disseram tudo que expus/
Porém mais uma vez, que fique registrado/
Amar e ser amado, essa é a lei/
É mais do que qualquer roupa/
E eu me sinto muito feliz/
Em acreditar que fiz e tenho muitos amigos/
Por isso, posso dizer, antes de erguer as mãos e presentear/
Quero abraçar e propalar/
Que neste ano já me foi concebido o presente de vê-los em Deus unidos/
E acima de tudo senti-los como minha família/