NAS CULPAS DO GOSTO

NAS CULPAS DO GOSTO

GRZECHY SMAKU

E as ventosas dos abutres

de orelha comprida

avistam uma áurea vindo

pela direção contrária

do vento

trazendo fome

aos pensamentos de saliva

sobre bocas que conversam

sozinha

ela caminha sem deixar

nenhum nome no chão

que passas bebida

de sensualidade

servida de raios espectros

celestiais

quebram esquinas

rastejam até ela

mentiras vítimas de prazer

é doloso pertencer à noite

onde a sombra dela

mata-me confuso

ela não tem se não

outro lado vendido

outro otário como eu

perdido

disfarçado de senhor

das grandes musas

lambuza um lustre

no rosto sobre o nariz

quer esconder

os olhos sobre outra matriz

que por perto passa

logo volto espere um pouco

louco destino do morto

de atitudes ferozes

está na relancina

da cerca de um prédio

no tédio envidraçado

plastificado de mármore

querendo a ultima gota

de suor da menina

que sabia do recado deixado

ante ontem à noite

enquanto ela espera sobre

o poder bélico das poupas

de um lugar belo

com doses maciças

brilhantes em taças

minha graça de pobre

incomoda vitrine de ricos

cínico tiro jaqueta surrada

entro sem dizer ao menos

olá como vai imperador

das portas

minha dor está muita alta

quase oferecendo

outros sentidos

preciso sentar perto dela

ficar em volta

o lobo faminto tornará

voltar reinando

deixarei um diamante falso

duas rosas vermelhas

cruzadas p’ra ela

uma pequena frase

das minhas besteiras de amante

“este gesto é tão peculiar

quanto tudo que venero

por sonhar te amando”.