FALENCIA

Este mundo não existe.

Chamam de cidade onde vivem os rebanhos.

Inventam luzes para acabar com a escuridão,

Ruas, para que se percam,

Esquinas, que se virem!

Vestem gravatas, esses loucos,

Sorvem líquidos engarrafados,

Soltam fumaça pelo nariz.

Escolhem morar sobre tijolos,

Não gostam dos ventos,

Colocam janelas,

E portas,

Tantas porcarias de portas!

E depois se sentam sobre animais mortos

E pensam ter controle sobre as imagens

Que correm num tubo de vidro.

Eles se alimentam quantas vezes tiverem fome

E vomitam nos próprios pés.

Dizem que estão em um país livre

E usam armas,

Para que?

Seus olhos elásticos

Não se fecham,

Nem para dormir.

Têm medo dos próprios filhos.

Desdenham quaisquer oceanos

E duvidam da multiplicação,

Ação remota,

Morta dentro de uma rede.

Sentem sede de sangue,

Exangues,

Sucumbem aos anos.

Eles pensam que sim,

Mas este mundo não existe.

É o contorno caricato

De um triste destino,

O mundo que eles pensam

Morreu quando ainda era um menino.

MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE
Enviado por MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE em 17/12/2015
Reeditado em 17/12/2015
Código do texto: T5483477
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