CRISÂNTEMO 
 
 
Mistério logo em seguida
na vinda de uma deusa
estátua de vime pintada
tramada com tranças de prata
dourada pele de banho
no mar das entranhas
europeias
oferenda nascida
nas rugas ocupadas do tempo
nas pedras
onde me encontro olhado um mundo
azul celeste na terra
proa martírio me espera
canoa de troncos amarrados
num desejo de ir ofendê-la
com minha estupidez
minha insensatez
minha felicidade
vitima de qualquer idade
do interior machucado
dos espinhos deixados
por outras vindas primeiro
me ocupar com temperos
estranhas magias
roubaram este amor que sinto
que minto num bordel
quando o que sinto
não tem nenhum mel
“afagos de atraso
do corpo cansado
de aprender a amar sozinho”
de mastigar palavras
tritura-las
pra não magoar
teu espírito
e depois não poder dizê-las
perto dela minha fraqueza
de homem impera
um gesto menino inibido
traz flores traz incolores
letras num papel de andores
p’ra sair desbotado
de toda força
que vinha sofrendo
na porta dos lábios
pedindo um pouco de saliva
de sua boca
quando miras
minha louca desculpa
“dizem as culpas no moderno
teu inferno tem ventos
antigos demais
ela não quer a paz dos encontros”
um carinho por entrada
depois uma taça de champanhe
servida
sem dizer nada
por enquanto
nada ainda
deixá-la sair pela porta
do carro
dizendo boa noite amigo
desejo salgado de ir sozinho
sorriso nos lábios
ela aceitou meu espaço
de sonhos
por uma noite
que sonhos vou ter a noite
das coisas dela que trago.