IMPROVÁVEL

Sonhos fora do meu alcance,

Lances irrelevantes,

Pequenos rompantes.

Não sem antes me autoflagelar.

O que espero, não chega,

O que quero,

Se acaba.

Nenhuma chama se propaga,

Nenhum vento sopra,

Sequer o mar se acalma.

Outros dos outros dos outros dos outros,

Eu

Só.

Sem distinguir pontos cardeais,

Erro passos,

Erro até em promessas.

Nisto, ninguém me acompanha.

Nãos sou eu quem apanha os frutos,

O que fica com os lucros,

O que acerta na loteria.

Sim, em noite fria,

Barriga vazia

E pensamentos vagos.

Não há espaço onde vivo,

Não há vida

Para dividir este espaço,

Passo adiante.

Doravante serei amigo

Dos empecilhos e tormentos,

Amigo dos fraudulentos

E ganhadores,

Serei dono

De um circo de horrores.

Desfrutarei da mais bela

E até mesmo da que não foi amada,

Nada será o bastante,

No inconstante movimento das águas.

Sairei gritando impropérios,

Criarei meu próprio dicionário

No reacionário idioma dos ricos.

Viverei tempo presente

Sem tempo

Para exercitar

A fala.

Nada fala,

Nada muda.

Estação das nostalgias,

Houve dias alegres,

Sobre os trilhos de ferro

Que cruzaram com meu destino.

Ainda menino, desafeto,

Feto não desejado,

Afogado no amniótico.

Sob a ótica cruel

E sombria

Revelia da fé

Café

Sem

Açúcar

O aceite do improvável

Em papel descartável

Meu nome

Impresso com sangue.

Meus sonhos se dividiram

Entre rir loucamente,

Viver loucamente

Ou morrer,

Finalmente.

MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE
Enviado por MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE em 15/12/2015
Código do texto: T5481357
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