IMPROVÁVEL
Sonhos fora do meu alcance,
Lances irrelevantes,
Pequenos rompantes.
Não sem antes me autoflagelar.
O que espero, não chega,
O que quero,
Se acaba.
Nenhuma chama se propaga,
Nenhum vento sopra,
Sequer o mar se acalma.
Outros dos outros dos outros dos outros,
Eu
Só.
Sem distinguir pontos cardeais,
Erro passos,
Erro até em promessas.
Nisto, ninguém me acompanha.
Nãos sou eu quem apanha os frutos,
O que fica com os lucros,
O que acerta na loteria.
Sim, em noite fria,
Barriga vazia
E pensamentos vagos.
Não há espaço onde vivo,
Não há vida
Para dividir este espaço,
Passo adiante.
Doravante serei amigo
Dos empecilhos e tormentos,
Amigo dos fraudulentos
E ganhadores,
Serei dono
De um circo de horrores.
Desfrutarei da mais bela
E até mesmo da que não foi amada,
Nada será o bastante,
No inconstante movimento das águas.
Sairei gritando impropérios,
Criarei meu próprio dicionário
No reacionário idioma dos ricos.
Viverei tempo presente
Sem tempo
Para exercitar
A fala.
Nada fala,
Nada muda.
Estação das nostalgias,
Houve dias alegres,
Sobre os trilhos de ferro
Que cruzaram com meu destino.
Ainda menino, desafeto,
Feto não desejado,
Afogado no amniótico.
Sob a ótica cruel
E sombria
Revelia da fé
Café
Sem
Açúcar
O aceite do improvável
Em papel descartável
Meu nome
Impresso com sangue.
Meus sonhos se dividiram
Entre rir loucamente,
Viver loucamente
Ou morrer,
Finalmente.