CONFISSÃO DE CRIME PASSIONAL

Foram dois, cinco segundos...

decidido que era pra sempre

o amor declarado na cama

assisti aquela mascara cair

quando vi sua cara borrada

beijada com a mesma ânsia

e fome da boca avermelhada

do seu novo, novo amante.

A eternidade desmoronou

em profundo, eu abrupto

foram dois, cinco segundos...

o sangue na boca, do beijo

ferveu nas veias, nas mãos

então ergui pés de chumbo

levitei sobre a plataforma

que antes era nossa alcova.

Desatino, paixão cega é morte

depois de fazer voar te prende

o que liberta é o amor, dizem

e a morte. O amor e a morte...

Resolvido, “era meu para sempre”

traído, ergui o golpe, arma fúria

lancei a dor que sentia pra fora

e já não te via, era só um corpo

carne usada por outro descarado.

Agora, o que confesso é um crime

e o castigo é ter na mente teu riso

na eternidade daqueles segundos

seguidos do horror pedindo ajuda

mas jazia massa disforme retalhada

banhada de sangue, do teu nosso

malditos dois, cinco segundos...

que levaram tua vida, meu amor.

Na cela pequena, cercado de estranhos

todos parecidos comigo, a estreita goela

do tempo engole as repostas mal iluminadas

a razão me devora, a bocarra da eternidade

é um fio de sangue que suja minha mãos

e a sentença de reviver esta paixão na tela

como se filme antigo, cegueira viva projetada

nesta prisão de eternos dois, cinco segundos...

Antônio B.

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 15/12/2015
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