DELIMOND CRONE
O vestígio borrado
 
 
O tinteiro derramado
sobre suas mãos
a pena que de sorte
não teve a morte
por destino
ainda segura firme
sobre o que escrevia
posso sentir as finuras
infernais dizendo
mate-o pra sempre
as agonias trazem
um marasmo perverso
do norte
querem pousar no ninho
das corujas
“como cães macabros
de asas mortais”
querendo minha carne
devo voltar ao destino
ladram resquícios
do fogo sobre o tampo
tronco antigo
guardando elementos
desenhados
pedindo que repita
a mágica das crones
que devolva a vida
de quem dorme chuvas
lá embaixo
mata floresta escura
minha idade percorre
terrenos invadidos
seriam frutos caídos
num pasto de cervos
quando nasci
na sombra do tempo
tramam cóleras nos
meus olhos cegos
derramam ecos
do abismo das almas
que gritam
onde passo
sabem quem procuro
o conluio maldito
enxerga minha sina
ela esta presa nos frutos
vermelhos do teixo
que abriga sua “costela-madrinha”
dos séculos
gritam demônios
teu velório está próximo...