VENDO DE CIMA
 
 
Atitudes adversárias
altitudes contrárias
amiúde o que impede
o risco de descer
é uma escola vazia
uma esmola sentida
desde pequeno
sempre mal dormida
deixada na porta
antes da saída
vá ver os outros lá fora
vá trazer os outros
nas retinas
havia alguma menina
sobre o resto de mundo
que sobra no fundo
depois das riquezas
depois das certezas
e toda beleza
deixar de ter qualquer vida
mente pra o dia amanhecer
crente que o dia é seu
vá ver os outros no velório
vá ver quem morreu
desta vez
vá ver quem chora
quem implora
quem ignora
quem dorme na calçada
ainda que sóbrio
garrafa pede água
mesmo imunda
o cálice de álcool
é um cálice de mágoas
vida vagabunda
tolera o incomodo
por não ter saída
vá ver os recados pintados
pelos loucos profetas
da rua
loucos desertos
de toda fantasia do “sal”
o “sal” promete
terra fértil num lugar
distante
o mal te promete logo
adiante
por ser preto
deve ser preto por dentro
por ser negro
escuro de laços do centro
pode morrer
mais cedo
vá ver os carros na estrada
a glória pelo ouro roubado
tem mais importância
não roube o ouro
roubado
ele não tem importância
lá dentro a mesma
ganância
te olha por igual destino
seja menino sempre
derrepente alguém mente
possa nascer o sol
no horizonte
aonde?