O VEGETO
 
 
Bastou que eu desejasse
precisou de alguém desejado
andei por ai atropelado
pensou num alegre dia
chegando frio
começando um apego
animado
um sossego passivo
de alma
bastou que eu amasse
precisou de alguém pra jogar
o desejo consumado
veria espírito sintonia
de um mal vazio
se ela fosse possível
não haveria tanto frio
nos olhos
bastou um alegre vestígio
precisou do silencio bendito
pra atacar veloz
sem voz nenhuma
dor de algumas horas
passará
terás outra escolha
as folhas páginas
novas perguntas
junta todas as dúvidas
vê quanto tempo
pode esperar
pelo tempo
que deixou passar
bastou ser discreto
precisou de outro adiante
como fonte buscada
pra ir diante do incerto
com alguma sorte
que a morte te poupe
de sofrer acordada
de ver mentiras tuas
vivas aventuras
loucuras insanas
por toda parte
bastou ser um idiota
precisou ter um covarde atoa
sem demora
com pressa de ir embora
com presas  de cobra
sem veneno
o que assusta pode ser pequeno
no imenso silêncio
que fica.