Buscou o traço certo, instrumentista,
na brancura das folhas que esperavam por pigmentos.
Mas os olhos dos ledores foram turvos
enodoando o papel na textura do poema.
 
Poetizando segredos,
desfilando borboletas a flores carnívoras,
perdeu-se entre abismos alheios e a essência de seus versos,
dormitando em ruelas sombrias como um bêbado sem saída.
 
...bastaria extrair um lamento ou um êxtase de lua,
registrar abstrações que confundem o entendimento,
e ter os pés pousados em riachos
para que se quedasse alienadamente em um chão poético.
 
No silêncio dos confessionários os juramentos quebrados,
(há coisa que não se conta nem a si mesmo),
não resistiram à poça de sombras
por onde as folhas boiaram.
 
Toque, solista, mais uma vez a corda sonâmbula dos absurdos,
antes que um fio lúcido estrangule o seu cântico.


Enya - Only Time
Ana Liss
Enviado por Ana Liss em 12/12/2015
Reeditado em 13/12/2015
Código do texto: T5478214
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