TORMENTA

TORMENTA

A tormenta não se afasta

Não há ventos que a carreguem

Cada vez mais plúmbeas as nuvens

Que escurecem até onde a vista alcança

Os pingos começam a cair

Aos poucos crescendo

Em tamanho e intensidade

Que será da cidade

Toda impermeabilizada

Negra de asfalto

Onde agora não correrão carros

Mas águas em correnteza

Que não obedece limites de velocidade

E vão abalroando muros

Invadindo casas

Carregando lixo

Oriundo da imundície do povo

Que passa a verter copiosas águas

Salgadas pela perda

Do tudo que já era nada

E nada sem estilo

Para qualquer abrigo

Que possa guardar

Sua falta de bens e de vida

Sua eterna pobreza de espírito

E então jogam a culpa

No Deus que pensam e acreditam

É aquele que patrocina sua desdita

Pobres diabos que por aqui militam

E não querem em nenhuma hipótese

Ser sua imagem e semelhança

Preferindo chamar seu nome em vão

Até a próxima atormentação

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 12/12/2015
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