RESERVADO

Para nossas bodas seculares

Reservei a rua que cruzávamos

Na infância

Quando ainda nem nos olhávamos

Diretamente

E nem sabíamos o que dizer...

De tão antigo, talvez nem soubéssemos

Falar...

Reservei a calçada

À época, empilhada de pessoas

Onde pousávamos

Variadas vezes

Somente respirando o mesmo local

E mais tarde

Conversaríamos sobre coisas

Entre equações e poemas...

Reservei as praças

e os parques

Onde, ali sim, o ar

Nos respirava

Respirava o nosso cheiro

E nós, o cheiro de algo indizível

Espalhado no "dentro" das árvores

no "dentro" do tempo

No corpo do espaço...

Reservei a memória

Do que vivemos

E mais, infinitos quantum bits

Para o que não sabemos

Ainda...

Dissonâncias da alma
Enviado por Dissonâncias da alma em 11/12/2015
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