RESERVADO
Para nossas bodas seculares
Reservei a rua que cruzávamos
Na infância
Quando ainda nem nos olhávamos
Diretamente
E nem sabíamos o que dizer...
De tão antigo, talvez nem soubéssemos
Falar...
Reservei a calçada
À época, empilhada de pessoas
Onde pousávamos
Variadas vezes
Somente respirando o mesmo local
E mais tarde
Conversaríamos sobre coisas
Entre equações e poemas...
Reservei as praças
e os parques
Onde, ali sim, o ar
Nos respirava
Respirava o nosso cheiro
E nós, o cheiro de algo indizível
Espalhado no "dentro" das árvores
no "dentro" do tempo
No corpo do espaço...
Reservei a memória
Do que vivemos
E mais, infinitos quantum bits
Para o que não sabemos
Ainda...