PONTO DE VISTA 2
PONTO DE VISTA
Carros passam ao longe,
Motos rasgam o silêncio,
A rabeca já não é tocada,
O rabecão sai em desfile.
O vento não tem seu tempo,
O segundo passado se foi,
É um segundo de vida virá
Ou será o segundo mortal?
Tudo passou a relativo agora,
O tempo pode ser atemporal.
A quimioterapia matou os bons,
Também matou os tais cruéis,
Sobrevivi como vento perdido,
Respirei no quase afogamento,
Escutei o rabecão chegando,
Era apenas a melodia da rabeca.
A ordem é um caos falso agora,
Regras, ordens, mandatos pra que?
Tudo é contextuar num caos assim.
À morte é vida para outros seres,
O nascimento é o fim do elo uterino,
Do parasitismo cruel do feto-mãe.
Tudo é questão de ponto de vista,
Eu prefiro ver a vida em azul e sorrir.
André Zanarella 13-10-2014
Rabeca
Espécie de viola de três cordas
Antiga designação do violino.
Rabecão.
Contrabaixo.
Carro que leva os cadáveres.