ENDEMIA
ENDEMIA
Rompeu-se a represa
E a lama
Não para de escorrer
Não, não é em Mariana
É em Brasília
Não é lama de mineração
É lama de esgoto
Há tanto represada
Há tanto sustentada
Pela derrama
Que nos toma a sobrevivência
E que bandos de otoridades
Travestidos de autoridade
Impinge-nos sem dó
A lama mal cheirosa
Espalha-se pelos quatro cantos
Do Oiapoque ao Chuí
Do Atlântico aos demais latinos
E joga por terra montanhas de vidas
Mares de sonhos
Sem porvires
E repleto de vírus
Que a todos contaminam
E não há vacina
Contra essa zica
Que nos pica
Que é endêmica
E tão cedo não deixará de sê-lo
Afinal parece sofrermos
De microcefalia