ENDEMIA

ENDEMIA

Rompeu-se a represa

E a lama

Não para de escorrer

Não, não é em Mariana

É em Brasília

Não é lama de mineração

É lama de esgoto

Há tanto represada

Há tanto sustentada

Pela derrama

Que nos toma a sobrevivência

E que bandos de otoridades

Travestidos de autoridade

Impinge-nos sem dó

A lama mal cheirosa

Espalha-se pelos quatro cantos

Do Oiapoque ao Chuí

Do Atlântico aos demais latinos

E joga por terra montanhas de vidas

Mares de sonhos

Sem porvires

E repleto de vírus

Que a todos contaminam

E não há vacina

Contra essa zica

Que nos pica

Que é endêmica

E tão cedo não deixará de sê-lo

Afinal parece sofrermos

De microcefalia

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 10/12/2015
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