A VIDA
Ando na sombra dos ventos,
E por onde meus olhos caminham
Eu sigo as lágrimas que vertem do meu coração.
Eu sonho, ainda sonho...
Penso na vida que levei
E nas coisas tantas que deixei para trás,
Do que tive de fazer
E o que não fiz.
Quis ser feliz naturalmente,
Seguir em frente
Deixando para trás
Apenas o semblante do riso.
Mas a vida causa enganos,
O tempo trata o corpo
Como a chuva castiga a areia.
Marcas, estas ficam,
São a assinatura do conhecimento.
É pelas cicatrizes que medimos nossos esforços,
Ao enfrentarmos o medo e a pobreza,
Ao calar-se quando o frio se apressa
Em desproteger nossos corpos
E nos trazer a fome.
Mas este foi o maior ensinamento,
Ter a coragem de sobreviver.
Saber que existe um amanhã
Atrás daquele espelho quebrado
E um claro futuro
Aonde antes não havia luz.
Persegui cada um dos meus dias
Atrás da alegria pretendida,
Era o que queria na vida,
Era o que eu precisava.
Passei por todas as janelas do destino,
Deixando que as horas corressem,
E eu, escondido na minha caixa dos momentos,
Esperando uma oportunidade para sorrir.
Não posso dizer que não fui feliz,
Tampouco que fui infeliz.
Tive o que me foi ordenado
Pelas mãos desse Deus
Que sabe tudo o que criou.
Tive trabalho, tive dinheiro,
Tive saciadas as necessidades carnais,
E mais,
Tive amor.
E por este amor
Eu fui capaz de chegar ao topo
De um céu imaginário
Repleto de música
E querubins.
Ainda assim, não foi o bastante,
Pois não basta ao homem o amor
Sem uma amante.
Talvez por ordem de outro ser
Que reina em mundos abissais,
O homem quer sempre mais.
E por tanto querer
Deixa de ter o primordial,
O amor e a paz
Universal.