Misticamante ou... Olhos de Omar Khayyam
Olho para as pegadas Dele no firmamento
e sorvo na taverna mais um gole do vinho;
A caneca, ainda cheia, alonga a contemplação;
O líquido escarlate lembra-me a materialidade, a vida, o sangue.
Estaria Ele mesmo lá fora, em algum lugar, noutros universos?
Pode um místico ter êxtase sem renunciar aos prazeres de seu corpo?
Vive na bebida a beleza do momento, o deslumbramento do amor?
Dirias, poeta, o que encontrastes do outro lado da eternidade?
Leio tuas quadras e me assombro com tua humanidade;
Mergulho nos hiatos de cada uma e reconheço-me nelas;
Não, não hedonista; nunca materialista; apenas total, integral...
Tu O vias no cotidiano e aceitavas o mistério;
Assim passaste pela existência com boemia, mas não sem angústia;
Não teria jamais teu talento, mas teus olhos me alargam o coração.