FÍSICA CONSTANTE

 
Saia labuta de trabalho
colore o ventre
com espelhos menores
riscados
umbigo disfarçado
com pontas agulhas perfeitas
retoque na imagem
olhando quem
de longe vinha de passagem
buscar alguma coisa
que não queria
só para vê-la
dançar sobre as cadeiras
que cadeira possuída de corpo
desafia gravidades
nas maldades
que advinha ter
o homem parado
camisa desabotoada
roupa desafiava mais
do que ela pressentia
sendo mulher
sendo mulher da vida
escolhendo recados
deixados entre moedas
e trocados miúdos
saiam risonhos bestas
famintos
saiam versões do antigo
destino
olhavam a beleza firmada
por ele
olhavam a doce boca
dizer olá
fitavam o andar
que ia quando vinha
buscar pedidos
mais alguns pedidos
copos vazios
cheios de nada mais
do antes tinham
alcateia crescida
perdiam toda magia
do teatro avulso
de qualquer beco
qualquer avenida
tanto faz
ser uma rua
tendo ela nua por cima
sonhando lá fora
depois das horas
num quarto pose de cobra
sobre a cama
querendo outros venenos
expelidos
o que pensava o homem parado
na única mesa vazia
dormia confusa
com outra blusa
suada que não a sua
entre outras feito lençóis
por cima.