BSA UÑWANANA * (Uni-versos II)

Nguere, Nguere, Xinguerenguere!

Nico-nada Juro! Que dizeres?!

Dos pés descalços em madacas,

Banhados de chuva naquele ser criança,

Motorista de xinguerenguere

Que não foi veloz para alcançar

“O comboio que passou”

E levou consigo a nossa infância…

(Mauro da Silva)

Ah! bela infância;

Quem não brincou a neca,

Não saltou a corda

Não fez uma boneca ou brincou txô-txô-txô?

Saudades da infância fica na pele marcada,

Não importa a distância, será sempre lembrada

(Fazila Momade)

Nguere, Nguere, Xinguerenguere!

Apenas me sobram míseras lembranças,

Do meu tempo de criança,

Lembranças que até hoje vagueiam

Em meus pensamentos;

Momentos únicos de lá no utsonguanine dzanga…

Amalheku ni ma phakato, matakuzana e a mbata;

Oh! Que saudades, saudades do meu bebé,

De pegá-lo no colo;

Nkama wanga bsa utsonguana!

(Ângela Massango)

Nguere, Nguere, Xinguerenguere.

A infância, na balada da inocência;

Pegadas gravadas na areia,

Com uma pedrinha na mão saltando obstáculos;

Criscência minha prometida

Actualmente lá na terra prometida…

(Euclides da Flora)

Nguere, Nguere, Xinguerenguere

Xinguerenguere fazia-me sorrir…

Assim como o Mbalêlê-mbalêlê!

Brincadeiras que vovô ensinou

E os vha pfana lá da zona reunidos na tarde

Dindirica, dindirica, assim girava

O xindire às chicotadas

Enquanto perdia os olhos aos encantos e cânticos

Das meninas bailando Xitxuketa;

(Andrades Cossa)

Nguere, Nguere, Xinguerenguere.

Dos meus olhos saltavam faíscas de euforia

Quando chegada hora de dançar ao som da xigóvia

Tudo era mágico, até mesmo as porradas da mamã

Quando falcatruas fazia...

(Danilo Mucambe)

Sim, era mágica a infância,

Quando juntávamos os trapos de raios de sol

Que surgiam pela manhã;

Era mágica a infância,

Um por cima do outro

Subíamos o horizonte;

E lá tirávamos o arco-íris e transformávamos

Em cordas de cores de amores, cordas que saltávamos;

(Poeta Leviano)

Nguere, Nguere, Xinguerenguere

Naquele tempo sequer pensávamos num tempo

Em que o tempo fosse escaco,

Que o vento traria as lembranças

De quando andávamos descalços,

Dos desenhos coloridos que pintávamos;

E que hoje acho no já papel antigo

As lembranças do rio lindo da nossa infância;

(Norek Red)

Nguere, Nguere, Xinguerenguere

Eis que da infância distante me vejo,

Distante do papagaio de plástico feito

Mas mais distante ainda da massala, pão colorido

E dos lanches com os doces pirolitos…

Mas que nostalgia não teria

De empurrar pneus por entre becos,

De pés descalços que assinavam por onde passava?

Oh! Que saudades daquele amigo de verdade…

(Daúde Amade)

BSA UÑWANANA *- expressão do Changana, língua local do sul de Moçambique que significa simplesmente "da infância", isto é, este poema reflete sobre os feitos de nossa infância, o que nos marcou, é mais um retrato nostálgico e melancólo pois já nos deixou a infância e nos tentamos persegui-la através destes versos.

De: Movimento Artístico a Fénix

In ‘‘Nas Cinzas Concisas’’

©Todos direitos reservados

08/12/15

Mauro da Silva, Fazila Momade, Ângela Massango, Euclides da Flora, Andrades Cossa, Danilo Mucambe, Poeta Leviano, Norek Red e Daúde Amade
Enviado por Poeta Diurno em 08/12/2015
Reeditado em 10/12/2015
Código do texto: T5474016
Classificação de conteúdo: seguro
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