Quem sabe então?

Sabe, há pequenas muralhas vivendo presas por aí,
Há corações feitos barreiras a espera de um sim.
Quem sabe então?


Quem sabe um dia a gente não desapareça como a poeira e o pó.
Quem sabe a gente nunca se esqueça das promessas ditas sem fim.
Quem sabe a gente tire o bolo, desate o que nos prende: esse nó.
Quem sabe um dia a gente abandone as tristes despedidas, enfim,
Quem sabe então?

Quem sabe o mundo se ilumine quando vir-nos darmos as mãos?
Aquilo que se exprime quando damos os braços,
Juntamo-nos aos tristes pedaços num só abraço.
Quem sabe se juntarmos nossas fraquezas poderemos dizer-nos irmãos?
Quem sabe então?


Com aqueles que sozinhos temem que o dia amanheça pior,
Que choram vezes noites a fio esperando que haja o melhor,
Que tenha terra roxa, poeira vermelha e um céu de anil.
Que nós não nos esqueçamos dos nossos pequenos vazios.
Quem sabe então?

Quem sabe pensemos no mundo como um só.
Quem sabe aqueles que choram por velhos amores,
Quem sabe há aqueles que vivem atados por um nó,
Quem sabe percebam que há também outras dores.


Quem sabe lembremo-nos daqueles que sequer ouvem,
Das palavras mudas das bocas mais secas e sem teto,
Das pobres centelhas que se enraízam e se contêm,
De quem não tem certeza do errado e do certo.
Quem sabe então?

Quem sabe se lutaremos de espada ou de estandarte?
Que nos percamos em outros mundos,
Mas lembremos de que esse é um e não mais,
Quem sabe ajamos por todos e não só pela parte.
Não haja esses tais oceanos profundos,
Sejamos nessa terra sempre um e nunca iguais,
Quem sabe então?


Sabe, há pequenas muralhas vivendo presas por aí,
Há corações feitos barreiras a espera de um sim.
Quem sabe então? Quem sabe então?
Anna Julia Dannala
Enviado por Anna Julia Dannala em 08/12/2015
Reeditado em 02/01/2016
Código do texto: T5473682
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