DELIMOND CRONE
O rito 
 
 
Os gatos sobre o alçapão
aranhas teias vibrantes
do vento entrando
sem precisar dizer
nunca nada
vento traz o sabor
do que lá fora ainda
torna-me vítima
me transforma
minha insígnia “lua virgem”
traz meu tempo escrito
nas unhas velhas
rugas trafegam
desenhando faces ocultas
das muitas idades que tenho
talvez esse tempo
tempo calado de chuvas
sereno alado de curvas
do suor maldito
das cartas sobre o tampo
preciso visitar
o campo das lavandas
no exilio de terra
onde encerra velas
sobre as cinco esferas
do oráculo da noite
deem-me olhos noturnos
sobre a densa mata
perto do rio
corvus do perverso pântano
tragam a sorte que voa longe
o monge plumado
tem o cílio mortal
o mal que falta
deve vir inteiro
voa  voa
o tempo urge desgraça
havia pingos de sangue
no chão perto dele
havia sinos tocando
hinos covardes
sorrindo perto dele
as cartas estão dobradas
invertidas
minha sina deve esperar
a  quarta que rua fantasma
deixou-me estrada
devida...