Notas de um ébrio
As doses, muitas, da ultima noite, ainda passeavam pelas entranhas, era perceptível sua presença, assim como também eram, seus estragos.
Havia, talvez, passado do limite, talvez dito ou feito coisas erradas, mas a presença daquele gosto denotava que algo ainda parecia vivo no seu interior...
Parecia que algo estava retumbando dentro de sua cabeça, não era dor, nem enjoo, era um vazio, vazio que incomodava, latejava...
O sol tinha uma maldade no olhar, lançava seus raios pela vidraça sem cortina, e ia se espalhando pela sala. Por que diabos dormira na sala, por que diabos não está nublado?
De uma coisa sabia, tinha um sentimento de arrependimento, tinha um que de estranheza, parecia desligado da tomada, diferente da noite anterior quando parecia ligado numa usina nuclear, ria, fazia piadas, mentia, cortejava as belas moças...mas agora, impotência, somente...
Era como se de uma coragem de começar houvesse restado apenas um medo, como se em toda coragem houvesse pitadas de medo, e que estas fossem mais resistentes que toda e qualquer coragem.
Confuso, queria dormir...mas doía o corpo, e esse vazio na alma...
Então, olha: mesa, cadeiras, e sente uma sede, sede seca, indo pela garganta, descendo sensivelmente pelas membranas...enche o copo e descansa o braço sobre a poltrona..nada mais está fora de lugar...