SOLTA SOLISTA
SOLTA SOLISTA
Imagino o tom do grito da solista,
Gritaria afinada como melodia,
Que surge do respirar controlado,
Da respiração ofegante dos amantes.
O ar a bater na sua face de porcelana,
Largada com o jantar esfriando na pia.
O vento apaga a vela de seus sonhos,
A solista chora afinando uma lágrima.
A ânsia por querer respirar invade-a,
Solta no mundo sozinha só quer amar,
No ventre a vida da promessa eterna,
Ele não vem como uma nota desafinada,
O abandono é a irmã do desespero...
O desmaio e finalmente uma solução digna,
O solo da solista solta é uma passagem,
Um ecoar rápido no ar frio da noite solitária,
Sombras na parede numa queda eterna.
O tempo infinito contido num só segundo.
Vazio no coração e o ventre cheio, ânsia.
Ter e não ter coragem de se soltar e voar,
Ser e não ser a mãe, mulher, sozinha no palco,
Precisar de uma atenção e dos holofotes,
Mas cadê o amor? Então por que cantar!
André Zanarella 16-08-2014