Ferida bandida
Teus pés pequenos formosos flutuam sobre a areia negra
Deixando pegadas e um caminho incerto
Ao longe gaivotas sobrevoam aquela imensidão azul
As ondas chocam contra os rochedos
Respigando sobre sua pele e formando pequeninos cristais
Neste dia sua alma esta indômita
Em redemoinho e um aperto no peito o dominava
Sua voz estava embargada e instável
Seus pensamentos desconexos fazendo eco ao retumbar das ondas nos rochedos
Ali buscava uma paz que há muito não sentia e queria
Tortuosos traços voltavam e perfuravam feito adagas seu coração
A dor o deixava perplexo
Sem ar!
Sua cabeça entre as palmas das mãos
Desolação!
Seu rosto lívido ergueu-se para um céu negro
Ali se identificou com aquele véu lustroso
Voltou os olhos para as mãos que dantes havia tocado sua pele cheirosa e dourada
Desejosos!
As mãos que antes a tinha acariciado!
Fechou-as em punho e permaneceu assim até que um filete vermelho caísse sobre a areia e fosse absorvido por ela
Assaltado por uma lufada de vento
Retornou!
Olhou ao seu redor
Deserto!
A praia estava silenciosa, imensa e ele um ponto pequenino ali encurvado
Seus olhos, perdidos
Sobressaltados!
Mais uma vez olhou para suas mãos vazias
E cabisbaixo seguiu vacilante rumo ao esquecimento.