NINHO ÉDEN

No início fez-se a luz.

A luz mostrou um ninho vazio

Então foram feitos os enfeites

Deste lar criacionista, mas

Ainda não estava bom.

Um ovo de barro fora posto

E chocado por hábeis mãos.

Nasceu um pássaro solitário

Logo, reclamante de sua solidão.

O Senhor do ninho primevo

Pôs sua cria para dormir

A fim de atender seu pedido

Tirou um pedaço dele e moldou

Sua companheira existencial.

Acabou-se a solidão

Do pássaro e do seu Criador.

As criaturas eram livres

Contudo, proibidos de comer

Certo fruto perto do ninho.

Não feito pelo Senhor,

Raiz do mal, original, o Corvo

Atiçou a companheira do pássaro

A comer da proibição imposta.

Ela não teve como lutar

Lambuzou-se no fruto da ciência

E levou o pássaro a fazer o mesmo.

Desgostoso com tal ato indisciplinar

O Escultor quebrou suas asas

E expulsou os pássaros de barro

Do ninho Éden condenando-os

A viver sobre seus próprios

Pé(s)cados, responsáveis por seus atos.

Desde então, os pássaros não alados

Afastaram-se do Senhor e andam

Baixo neste mundo alto bem longe do ninho.