Um dia, talvez...


Um dia, quando na vida lhe faltar encanto ou fantasia,
Por desencanto e se quedar em copioso pranto,
Ou, quem sabe, sentir saudade de meu canto
E, pelos cantos, recitar uma de minhas poesias;
Quando se sentir retratada em qualquer das rimas,
Que, aos milhares, a enlevei em passado distante
E no recém presente, esquecendo-me até do futuro,
Que se interpôs entre nós como inexpugnável muro,
A separar corações unidos pelos anseios de amantes.

Um dia, ao de novo retornar seu cio a clamar por sexo,
Ao assomarem lágrimas aos olhos, vertidas em seu rosto,
Sem que tenha quem as sugue, para enorme desgosto,
Com beijos cálidos como as suguei, outrora, em reflexo.
Ao vir que nada mais lhe resta do que tanto prima,
Ao constatar que foi debalde toda sua inútil procura,
Resignada, por covardia, a procurar em abraço morno
Um amor candente como o que lhe dei, saindo do forno,
Em tantas tardes em nosso recanto, insaciável loucura.

Um dia, ao bater à porta a imensa saudade, desta vez
Não permita que, como da outra, desvaneça a felicidade,
Atira-se confiante em meus braços, mata esta saudade
Que me mata a cada instante, até este dia, talvez...
LHMignone
Enviado por LHMignone em 06/12/2015
Reeditado em 06/12/2015
Código do texto: T5471870
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