TREVA

TREVA

A noite já não me diz nada

Tudo é treva e silêncio

A lua já me é pálida

As estrelas não consigo vê-las

Apenas sinto frio

E suo frio

Numa febril acamação

Numa acompanhada solidão

Os olhos abertos nada veem

Apenas lágrimas brotam

Repletas de sal

Isentas de mel

E a quietude me engolfa

Penetra fundo

O coração palpita

Numa forte desdita

Afinal o the end

É logo ali

Virando a esquina

Encarando o diabo

Em pele de cordeiro

Bicho matreiro

Que me faz prisioneiro

De suas calhordices

E em crendices acredito

Que a alma não existe

Sou apenas pó

E a ele volto

Sem espiar os pecados

Que sempre morou ao lado

Afinal sou imagem e semelhança

De alguém que jamais vi

E que nunca verei

Quem sou eu

Prá ver o rei

Apenas miragem

Sem semelhanças

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 04/12/2015
Reeditado em 04/12/2015
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