DELIMOND CRONE
O RIO QUE CHORA

As demais peças jogadas
lá em cima dorme
o resquicio de tudoquem permite o jogo
eu prometi o retorno
das imagens reais que via
sorria diamente de olhos
vendidos por pouco
me diga onde esta carta maldita
escrita folhas betumadas
perdidas sobre o chão
meu coração permitirá
encontrar seu falso recuo
amante das artes do submundo
colérico olho aos cantos imundos
guardados por almas únicas
difarçam no redor 
o que será que escondem
por que permitem 
o que é tarde
ser tão cedo
vertigem de criança
infância fugida 
cria perversa exclusa
cega-me por enquanto
eu não procuro
o que jurei até a morte
descubro as fontes pequenas
no meio do vale escuro
pobre vela acesa
pobre acesa velha begala
de tantos dias mágicos
trágico fim descanso
ela estará sobre as lavandas
perto do rio
se atravessou o rio
não contará a ninguém
sobre as fibras do meu rosto
diante dos punhais de prata
cruzados sobre o fogo
herdarei minha morte?