Da Contemplação
Contemplei teu rosto; e, mesmo cego, me vi;
um segredo exposto num retrato antigo;
onde, a contragosto, me deparei comigo
como algo preposto que se prepõe a si.
O que viu a cegueira do olhar de mendigo,
foi uma lixeira que, de pétalas, enchi
com a minha roseira sem nenhum colibri
pois a rosa não cheira num jardim inimigo.
Nas silenciosas palavras do teu olhar
ouvi minhas rosas, agradecendo, aceitas;
reli todas as prosas e poesias feitas
nas madrugadas frias, quando foste luar;
senti ocultas pias, onde pude lavar
as minhas alergias, a tanta dor, sujeitas.
03-12-2015