Rio em chamas

Eis a tarde no coração do rio,

cheio de ardência.

O rio quer pororoca...

Rio penetrando rio

entre ondas requebrantes

de desejo.

O rio quer o canto doce do oceano...

as notas da partitura

tatuadas por pés que se encontram

na areia.

O rio quer o vento em sua verdade...

Mas o vento assiste,

atônito,

em silêncio,

ao rio em chamas

chamando,

igual a larva jorrando do vulcão.

E aos peixes que copulam

nas águas quentes

esquecidas à margem do rochedo.

Enquanto as nuvens

incansáveis

desenham na tarde

uma noite de chuva.