A GRANDE DAMA
Olho a minha volta
A casa está vazia.
Ao meu lado
Apenas a solidão
A única
Que nunca
Me abandona.
Fiel companheira
Espelho da alma
Desdobra-se triste
Sozinha e perene.
Foi à primeira reclamação
Da criatura no Éden.
Será que Deus
Criou o homem
Por estar solitário também?
Difícil de ser encarada
Mas, que consegue
Ser produtiva
Se bem usada.
Dama misteriosa
De convivência árdua
Seu véu de indulgência
Arrasta-se
E deixa em seu caminho
Vidas solitárias.
Será tu ó solidão
Destinação irremediável?
Será por isso
À venda da cara-metade?
Do complemento existencial?
Do pensamento de rebanho?
Cabe-nos a aceitação?
Ao meu eu
Com toda sua bagagem
Venha solidão.
Sente-se ao meu lado
Pois a viagem é momentânea
Dura apenas uma vida.