feira das almas
(parceria honrosa pra mim, com a grande poetiza Shauara David)
meus versos hematofóbicos
escorreram com o sangue exposto
dos pedaços esquartejados de animais
sobre as prateleiras
entre os metais trocados,
escaparam, abstratos olhares
procriando a genética da morte
obedecendo fileiras
meus versos claustrofóbicos
ficaram presos nas gaiolas
amontoadas da feira
ainda permanecem nos ossos
das angústias descarnadas
passeando entre as sujeiras
meus versos inversos
isentos de qualquer glamour
ficaram surdos aos tumultos
pisoteiam os restos
dos próprios verbos imundos
insurgência da gangrena,
meus versos ensandecidos
pela normalidade dos escombros
dopados pela clausura do sistema.